SIEX - Sistema de Informações de Extensão

25361 - Combate ao racismo ambiental e as emergências climáticas
Ano Base: 2024
Tipo de ação: CURSO DE EXTENSÃO
Plano de ensino

Plano de ensino: O curso de extensão ¿Combate ao racismo ambiental e as emergências climáticas: uma perspectiva sobre os territórios¿ tem como objetivo formar jovens negros no combate às diversas violações de direitos causadas pelo racismo ambiental e pelas emergências climáticas nos seus territórios e aproximá-los da agenda do movimento negro sobre o clima. O público-alvo é de estudantes negras/os com alguma atuação nos seus territórios de origem. O curso busca ser um espaço de fortalecimento de jovens agentes climáticos (de 18 a 29 anos), de maneira a formar e qualificar suas ações no combate ao racismo ambiental em seus territórios. Considerando que No Brasil, o debate sobre racismo ambiental tem aumentado nas últimas décadas, certamente, pelo aumento das desigualdades e injustiça ambiental, assim como pelo reconhecimento de que há impactos socioambientais sobre as populações negras urbanas, quilombolas e comunidades indígenas. De acordo com o censo de 2010, a população negra representa 56% da população, e é essa população que mais sofre com o racismo ambiental. Seja no campo, onde está a maioria dos quilombos, ou nas periferias das cidades, o genocídio e a efetivação de direitos para a população negra ainda é um grande problema. Nesse sentido, o país guarda uma dívida histórica com a população negra. Foram quase quatro séculos de escravização de corpos negros trabalhando para a produção de riqueza de países como Portugal, deixando ao Brasil grandes desigualdades raciais. É notável que o racismo ambiental segue sendo consequência de um sistema e modelo de desenvolvimento que sempre enxergou a natureza como recurso, imbuído com a violação de direitos. Para a população negra e indígena, que foram usadas a partir de seus corpos e suas tecnologias como mão de obra escravizada, e seguem sendo vítimas de um racismo sistêmico e epistêmico, restou o não acesso à terra, ao território e a privação de seus corpos e mentes a uma natureza plena com água limpa, floresta e biodiversidade. No campo, esse racismo se estende com os impactos da implementação de grandes projetos de barragens de água e mineração, além do garimpo que sobrepõe em territórios indígenas e quilombolas. Por outro lado, são os territórios indígenas, quilombolas, dos povos de terreiro e comunidades tradicionais que desempenham a proteção e salvaguarda do que ainda resta de natureza. Hoje, o racismo ambiental também é climático e afeta, principalmente, a população negra dos grandes centros urbanos, que sente os efeitos climáticos e que são os que estão vivendo nas encostas, às margens dos rios e córregos suscetíveis a grandes cheias. Nessas áreas, ocorrem os deslocamentos forçados e a remoção das pessoas de áreas de risco sem ter em sua premissa o diálogo com as comunidades sobre o direito à moradia e acesso às construções mais adequadas em locais seguros. Além de serem privados de áreas verdes que amorteçam, inclusive, os efeitos climáticos com as recorridas ondas de calor. Na periferia, com o aumento de enchentes, a insegurança hídrica com relação ao abastecimento de água e saneamento básico favorece um cenário com um crescimento de doenças. O combate ao racismo ambiental se faz pensando no direito da propriedade da terra das comunidades quilombolas e indígenas, e nos centros urbanos a partir da construção de planos diretores e um plano de adaptação climática que paute políticas públicas e recursos destinados a garantir, efetivamente, à população negra e periférica os direitos à cidade, com qualidade de vida para todos.

Objetivos e Resultados Esperados: Formar jovens estudantes de graduação acerca do enfrentamento ao racismo ambiental, emergências climáticas a partir das realidades negras nos territórios e biomas no qual os alunos estão inseridos, fortalecendo os estudantes como lideranças no combate ao racismo ambiental e os aproximando da agenda climática.

Justificativas: Considerando as emergências climáticas e como essas impactam a população periférica que sofre com o racismo ambiental destacamos a necessidade de fortalecer uma colaboração técnica junto ao Instituto de Referência Negra Peregum e Climate and Land Use Alliance para a construção de outras práticas sociais que resultem em processos educativos afim de qualificar as ações coletivas no combate ao racismo ambiental. Aproximar os estudantes da Unifesp, em especial, oriundos de ações afirmativas entre 18 e 29 anos para uma formação dessa natureza colabora para o senso de pertencimento e coletividade bem como ´para a permanência.

Metodologias: A metodologia se baseia na educação popular considerando como professores externos algumas lideranças do movimento social e professores da Unifesp. O curso será on-line e gratuito, terá carga horária de 120 horas e será dividido em módulos com aulas a cada 15 dias, aos sábados, entre maio e novembro de 2024. Outras atividades fora dos horários regulares poderão ser agendadas ao longo do curso, em formato híbrido ou presencial. As aulas trarão conceitos e temas debatidos pelo movimento negro sobre a pauta climática, bem como experiências de enfrentamento ao racismo ambiental em suas diferentes dimensões.

Conteúdo programático com responsáveis pedagógicos por tema/assunto - aula ou grupo de aulas: - Apresentação do curso: Apresentar o curso e trazer conceitos básicos sobre o debate das mudanças climáticas (emergências climáticas, justiça ambiental e climática e racismo ambiental); - Ecoafricanidades/ cosmopercepções/ Povos e comunidades tradicionais e o enfrentamentos ao racismo ambiental: Apresentar como os povos e comunidades de matriz africana historicamente salvaguardam a partir de suas filosofias e práticas afrobrasileiras protegem o meio ambiente e lutando contra as violações atravessadas pelo racismo religioso e ambiental; -Cidades e adaptação, mitigação, perdas e danos: trazer abordagem sobre eventos extremos e desastres (levantamentos de danos, mitigação e reparação) e políticas públicas na cidade; -Produção e distribuição de energia e mineração/ transição ecológica :trazer o debate sobre violações de direitos e desastres (levantamentos de danos, mitigação e reparação); - Eventos climáticos/Riscos e desastres naturais: Objetivo: trazer o conceito de risco e os principais efeitos dos eventos climáticos no meio ambiente e na saúde da população negra; - Direitos humanos e meio ambiente: trazer aos estudantes uma introdução da temática dos direitos humanos e meio ambiente. Territórios e mudanças climáticas; - Juventude e emergências climáticas: Trazer o debate de mudanças climáticas a luta cunhada pelos juventude nos territórios; - Tecnologia e racismo ambiental: Trazer os conceitos de ciência e tecnologia convencional e tecnologia afrodiaspórica e os atravessamentos sobre a crise ambiental e climática; - Mudanças climáticas e resiliência indígena: Trazer a luta dos povos Indígenas e a luta pelo território livre de violações e conflitos.

Referências (bibliográficas e outras): DA SILVA, MAÍRA ; DE ANDRADE, SARA ADRIÁN LÓPEZ ; DE-CAMPOS, ALFREDO BORGES . Phytoremediation potential of jack bean plant for multi-element contaminated soils from Ribeira Valley, Brazil. CLEAN-Soil Air Water , v. ., p. 1700321, 2018. SILVA, M. R. ; MAZALLA NETO, W. . As contribuições da agroecologia para o fortalecimento da Agricultura Quilombola. In: Sonia Maria Pessoa Pereira Bergamasco; Maristela Simôes do Carmo; Wilon Mazalla Neto; Ricardo Serra Borsatto; Regina Aparecida Leite de Camargo. (Org.). Agroecologia e Educação do Campo. 1ed.Campinas- Sp: Editora Átomo, 2019, v. 1, p. 221-242. SOUZA, A. ; COLOMBO, C. S. ; SPINELLI, L. G. ; SILVA, M. ; Lubliner, T. M. . Nas rebarbas da Reforma Agrária: experiência de formação de dois grupos de mulheres agricultoras. In: Souza, A.; Vasconcellos, B.; de Castro, M. P.; Rodrigues, T. P. P. P. (Org.). Coletiva 2: Sistematizações sobre a prática autogestionária. 1ed.Campinas: Instituto de Economia, 2013, v. , p. 86-106. SILVA, K. B. ; LIMA, A. ; SILVA, M. ; NAKANDAKARE, F. ; SOUZA, A. . Diagnósticos com abordagens participativas dentro da metodologia de incubação: Relato da experiência da equipe rede. In: Souza, A.; Vasconcellos, B.; de Castro, M. P.; Rodrigues, T. P. P. P. (Org.). Coletiva 2: Sistematizações sobre a prática autogestionária. 1ed.Campinas: Instituto de Economia, 2013, v. , p. 227-239. SILVA, M. ; SILVA, L. C. R. . ?As relações de poder nos territórios quilombolas do Vale do Ribeira a partir do colonialismo interno e do racismo ambiental?,. In: IV Encontro Internacional de Ciências Sociais e Barragens, 2016, Chapeco. IMPACTOS TERRITORIAIS E AMBIENTAIS, 2016. SILVA, M. ; BRASIL, E. C. ; BERMANN, C. . A atividade mineradora e hidroenergética como potencializadora de impactos socioambientais ? estudos de casos do Vale do Ribeira e de Oriximiná. In: IV Encontro Internacional de Ciências Sociais e Barragens, 2016, Chapecó- SC. IMPACTOS TERRITORIAIS E AMBIENTAIS, 2016. v. IV. SILVA, M. ; BULGARELLI, R. R. ; ANDRADE, S. A. L. D. ; CAMPOS, A. B. D. . Potencial fitorremediador de Canavalia ensiformis em Neossolos Flúvicos contaminados com chumbo, arsênio e zinco. In: Congresso brasileiro de ciência do solo, 2017, Belém. POTENCIAL FITORREMEDIADOR DE CANAVALIA ENSIFORMIS EM NEOSSOLOS FLÚVICOS CONTAMINADOS COM CHUMBO, ARSÊNIO E ZINCO, 2017. SILVA, M. ; TEIXEIRA, L. A. J. . Chumbo e zinco em solo cultivado com mandioca nos bairros Martins e comunidade Quilombola Ivaporundiva Vale do Ribeira, SP.. In: Congresso Brasileiro de Geologia, 2014, Salvador. 47 CBG: Trilhando as Novas Fronteiras dos Recursos Naturais. Salvador Bahia, 2014.

Modo e critérios da avaliação de aproveitamento: Avaliação contínua- Escrita de cartas no final de cada aula/ módulo. Trabalho final- Podcast para bolsistas- como modo de avaliação final. Acompanhamento pedagógico- Bolsista de apoio pedagógico da PRAEPA- Pró Reitoria de Assuntos Estudantis e Políticas Afirmativas.

Estratégias de Divulgação: Fortalecimento da divulgação na plataforma conjunta Instagran; site PRAEPA e site do Instituto de Referência Negra Peregum

Recursos didáticos: - Uso de plataforma: Zoom/ gravação vimeo

Ementa: O curso de ¿combate ao racismo ambiental e as emergências climáticas¿ é destinado a estudante negros perifericos ou rurais que estejam cursando até o quarto bimestre de qualquer curso de graduação. O público alvo serão estudantes com alguma ação e atuação no território e/ou bioma de origem, buscando ser um espaço de fortalecimento de lideranças e os aproximando da agenda climática, de maneira que eles possam combater as diversas violações de direitos causadas pelo racismo ambiental nos seus territórios. As aulas trarão conceitos sobre os temas centrais, bem como apresentação de experiências de enfrentamento ao racismo ambiental em suas diferentes interfaces.