SIEX - Sistema de Informações de Extensão

26090 - PANC, PESSOAS E PERSPECTIVAS PLURAIS
Ano Base: 2024
Tipo de ação: CURSO DE EXTENSÃO
Plano de ensino

Plano de ensino: Propor uma reflexão crítica e sensível acerca da formação do sujeito ecológico e o consumo de PANC, em uma perspectiva decolonial, reafirmando a importância dos vínculos entre o meio ambiente e as dimensões humanas na construção social nos dias atuais.

Objetivos e Resultados Esperados: ¿ Discutir sobre a construção da concepção de ¿sujeito ecológico decolonial¿ e as possíveis inter-relações com o consumo de PANC na atualidade. ¿ Propor a retomada de saberes tradicionais sobre PANC, como base para a sensibilização à pluralidade social e à diversidade vegetal para formação do sujeito em questão. ¿ Fomentar a autonomia do sujeito ecológico decolonial, a fim de que eles possam elaborar novas perspectivas para o bem viver individual e coletivo.

Justificativas: O consumo atual enquanto prática incorporada da sociedade influencia o nosso modo de ser, perceber e agir no mundo, ao ponto de estarmos diante de uma crise socioambiental que requer uma reflexão crítica e sensível sobre qual é a responsabilidade e papel dos seres humanos diante disso. Nesse sentido, autores como Carvalho (2012), argumentam a necessidade da formação do sujeito ecológico para a ressignificação dessa problemática, bem como combate à crise civilizatória pela qual estamos passando. Contudo, conforme a mesma autora, a formação do sujeito ecológico em si, não pode ser apenas uma junção entre boas ações e comportamentos, é necessário refletir sobre a forma e a finalidade que se pretende na sensibilização e conscientização desse sujeito, a partir de uma prática de Educação Ambiental que também seja crítica e decolonial. Uma vez que para propor soluções diante da problemática socioambiental também há a necessidade de se compreender outras urgências e intersecções. Malcom Ferdinand (2022), ao trazer o conceito decolonial, considera pensadores da América Latina, a fim de mudar a ideia de uma ecologia colonial escravocrata, para uma ecologia decolonial que amplie o debate entre questões ecológicas/ambientais contemporâneas e as questões raciais, muitas vezes silenciadas na ação e discussão político-social-ambiental. A ideia colocada pelo autor é romper com a herança da modernidade, retomando a preciosidade de ser e viver outras formas no/do ¿fazer-mundo¿, o que incluiria também os saberes tradicionais. Precisamos superar a visão de que a Terra seja um mero objeto/recurso, utilizado quando necessário e remediado quando se pretende a redução de danos, de maneira a se adiar o fim do mundo. Para o autor, muito mais importa compreender que a Terra não é casa, um ¿oikos global¿ como na Grécia antiga, pois tal mentalidade tem levado à disputas coloniais até hoje. Como ele mesmo ressalta, a Terra parte da pluralidade de um universo todo, a ser respeitado e vivido por outros seres além do humano. Dentro dessa perspectiva, busca-se com a presente proposta promover e fomentar a formação de um sujeito ecológico decolonial. E para tanto, será adotado como tema transversal as Plantas Alimentícias não-convencionais (PANC). Uma vez que, de acordo com Tavares e col. (202) e Ranieri (2017), as PANC são plantas espontâneas (podendo ser nativas ou naturalizadas de determinado local) sendo exemplos de resistência cultural, sustentabilidade, economia e prosperidade. A maior parte das PANC são originárias das Américas (América Tropical, América Central, América do Sul), configurando a América Latina como seu palco, território, lugar de ser e se desenvolver, demonstrando assim não só a diversidade das espécies e ambientes físicos, como também a diversidade de povos, territórios e culturas. Dessa maneira, estabelece-se uma conexão com as muitas ações existentes em oficinas de Educação Ambiental, que contemplam as PANC, mas agora favorecendo a integração de um olhar decolonial, que contemplará os saberes científicos e tradicionais sobre as diferentes espécies, seus usos e plantios, como já pode ser visto nas hortas periféricas das zonas norte, sul, leste e oeste da cidade de São Paulo e região metropolitana (RIGOTE, 2022; NAGIB, 2020; PANETTA, 2022; CAMACHO, 2020). E também a reflexão sobre uma nova forma de habitar o planeta, onde o plantar, o cuidar e o aprender a cuidar da terra, do alimento e de sua saúde, envolvam também um olhar crítico para como a nossa sociedade se relaciona com a alteridade. A proposta também objetiva levar o indivíduo a refletir que as PANCS, tão em ¿moda¿ entre os frequentadores das feiras orgânicas da cidade de São Paulo - público, geralmente, vegano, vegetariano e/ou entusiasta, que estas não são uma ¿novidade¿, algo recente e atual.

Metodologias: O curso será oferecido no formato presencial, com a oferta de 50 vagas para maiores de 18 anos, sendo realizado em quatro encontros presenciais com carga horária total de 08 horas, das 19:30 às 21:30 horas no campus Diadema. ¿ Primeiro dia ¿ (carga horária 2:00 horas) - Acolhimento. A problemática socioambiental no século XXI e a formação do sujeito ecológico decolonial. Atividade em grupo e síntese. ¿ Segundo dia ¿ (carga horária 2:00 horas) - Acolhimento. O habitar colonial e o seu impacto nos saberes tradicionais latino americanos, utilizando as PANC, para refletir a importância da sensibilização à pluralidade social e à diversidade vegetal na formação do sujeito em questão. Atividade em grupo e síntese. ¿ Terceiro dia ¿ (carga horária 2:00 horas) - Acolhimento. PANC´s e os saberes de hortas coletivas e comunitárias. Exemplos de casos na região metropolitana de São Paulo. Atividade em grupo e síntese. ¿ Quarto dia ¿ (carga horária 2:00 horas) - Acolhimento. Vivências mista - Educação Ambiental Naturalista e Crítica: sentidos e perspectivas plurais na formação do sujeito ecológico decolonial. Troca de mudas e degustação.

Conteúdo programático com responsáveis pedagógicos por tema/assunto - aula ou grupo de aulas: POR QUE FORMAR UM SUJEITO ECOLÓGICO DECOLONIAL?: Conhecendo sujeitos - Cosmovisão eurocêntrica dominante/hegemônica; tráfegos transatlânticos; habitar colonial: crise ambiental e civilizatória; normas e formas da globalização; a formação do sujeito ecológico e; soluções para o ¿amanhã: caminhando pra a decolonialidade (KRENAK, 2020; CARVALHO, 2012; FERDINAND, 2022). TERRA - MÃE, CASA, COLÔNIA E QUINTAL: Ecologia decolonial: outra gênese da questão ecológica; ¿Terra sem Manman¿: invasões e apagamentos geográficos e ontológicos; plantations e as PANC na América Latina na perspectiva de Ferdinand (2022) REFAZENDA - DANINHAS QUE ALIMENTAM O SER: Resgate de sabores saberes tradicionais na região metropolitana de SP; PANC de volta ao prato: hortas, feiras escolas e quintais. CONHECER, PLANTAR E (A)COLHER: Ciclos da vida: começo, meio e começo; Formação do sujeito ecológico é solução e desafio; Reflexões, vivências sobre a experiência com as PANC.

Referências (bibliográficas e outras): CAMACHO, D. B. Agricultura urbana agroecológica: Experiências Comunitárias Periféricas na Região Metropolitana de São Paulo. 2020. 77 p. Trabalho de Graduação Individual - Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 2020. CARVALHO, I. C. M. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico, São Paulo: Cortez, 2012. FERDINAND, M. Uma ecologia decolonial: pensar a partir do mundo caribenho. São Paulo, SP: Ubu Editora, 2022 KRENAK, A. A vida não é útil. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2020. NAGIB, G. O espaço da agricultura urbana como ativismo: alternativas e contradições em Paris e São Paulo. São Paulo: USP, 2020. 414 p. Tese (Doutorado em Geografia Humana) ¿ Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2020. PANETTA, N.A.R. Mapeamento de hortas na cidade de São Bernardo do Campo. 2022. 22f. Universidade de São Judas Tadeu, 2022. RANIERI, G.R. Guia prático sobre PANCs: Plantas Alimentícias não convencionais. São Paulo: Instituto Kairós, 2017. REZENDE, J.O. Consumo de PANC e sua aproximação com a soberania alimentar: acesso a Plantas Alimentícias Não Convencionais em feiras orgânicas de São Paulo. 2020. 149 f. Trabalho de Graduação Integrado (Bacharelado) ¿ Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2020. RIGOTE, G. Cozinhando mudanças: os significados do ato de cozinhar para mulheres de um grupo de agricultura urbana da zona leste da cidade de São Paulo. São Paulo: USP, 2022. 414 p. Dissertação (Mestrado em Ciências) ¿ Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública, Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2022. SAUVÉ, L. Uma cartografia das correntes em Educação Ambiental. In: SATO, Michèle; CARVALHO, I. C. M. Educação Ambiental - pesquisas e desafios. Porto Alegre:Artmed, 2005. Quadrimestral. TAVARES, A. V. N. M.; ALBUQUERQUE, M. A. M.; CAVALCANTI, R. A. S. Plantas alimentícias não convencionais (PANCs): um estudo de revisão. Revista Saúde, Guarulhos, v. 16, n.2. p. 42-56, 2022.

Modo e critérios da avaliação de aproveitamento: Para efeitos de certificação será considerada a participação em todos os encontros. Para avaliação da proposta será disponibilizado questionário: Código do participante:____________________ Cidade/Estado:_____________________ Idade:_____________________________ Gênero:___________________________ Área de Formação:__________________________ Docente ( ) Estudante ( ) TAE ( ) Terceirizado ( ) 1) O curso atendeu aos objetivos propostos? ( ) Muito Pouco ( ) Parcialmente ( ) Razoavelmente ( ) Totalmente 2) O curso foi relevante para sua formação ou atuação profissional? ( ) Muito baixo ( ) Baixo ( ) Razoável ( ) Alto ( ) Muito Alto 3) O tema abordado e forma como a sequência de atividades foi planejada, atenderam suas expectativas iniciais? ( ) Sim ( ) Não ( ) Talvez 4) Seu grau de entendimento dos assuntos abordados no curso foi: ( ) Muito baixo ( ) Baixo ( ) Razoável ( ) Alto ( ) Muito Alto 5) Seu comprometimento com o curso (participação nos encontros e realização das atividades) foi: ( ) Muito baixo ( ) Baixo ( ) Razoável ( ) Alto ( ) Muito Alto 6) O grau de domínio da educadora sobre o conteúdo foi: ( ) Muito baixo ( ) Baixo ( ) Razoável ( ) Alto ( ) Muito Alto 7) A explicação da educadora sobre o conteúdo foi: ( ) Péssimo ( ) Ruim ( ) Regular ( )Bom ( )Excelente 8) A forma que o conteúdo foi apresentado (slide, PDF e etc) foi: ( ) Péssimo ( ) Ruim ( ) Regular ( )Bom ( )Excelente 9) Como foi para você a vivência da oficina de PANC, PESSOAS E PERSPECTIVAS PLURAIS? _____________________________________________________ 10) Você gostaria de deixar algum comentário, sugestões ou críticas a respeito do curso? 11) Você gostaria de deixar algum comentário a respeito do questionário inicial? Por exemplo, teria alguma sugestão de pergunta?

Estratégias de Divulgação: A divulgação será feita de forma presencial e online, utilizando-se cartaz informativo digital para ser divulgado nas mídias sociais e também uma versão física a ser colocada em murais e quadros informativos dos prédios que fazem parte do campus Diadema da Universidade de Federal de São Paulo.

Recursos didáticos: Apresentação de slides, leituras e vivencia com as PANC.

Ementa: POR QUE FORMAR UM SUJEITO ECOLÓGICO DECOLONIAL? - Pensando a questão Socioambiental no campo brasileiro. TERRA - MÃE, CASA, COLÔNIA E QUINTAL - contextualizando a nossa história. REFAZENDA - DANINHAS QUE ALIMENTAM O SER - conhecendo as PANC. CONHECER, PLANTAR E (A)COLHER - vivência.